Tua morte feriu-me no mais fundo,
Remoto da minh'alma que eu julgava
Já fóra desta vida e deste mundo!
E vejo agora quanto me enganava,
Imaginando possuir em mim
Alma que fôsse livre e não escrava!
Meu espirito é treva e dôr sem fim.
Todo eu sou dôr e morte. Sou franquêsa.
Sou o enviado da Sombra. Ao mundo vim
Prégar a noite, a lagrima, a incertêsa,
A luz que, para sempre, anoiteceu...
Esta envolvente, essencial tristêsa,
Tristêsa original donde nasceu
O sol caindo em lagrimas de luz,
Chôro de oiro inundando terra e céu!
Sou o enviado da Sombra. Em negra cruz,
Meu ilusorio sêr crucificado
Lembra um morto phantasma de Jesus...
E aos pés da minha cruz, no chão maguado,
A tua Ausencia é a Virgem Dolorosa,
Com tenebroso olhar no meu pregado.
Ah! quanto a minha vida religiosa,
Depois que te perdeste no sol-pôsto,
Se fez incerta, fragil e enganosa!
Em meu sêr desenhou-se um novo rôsto.
Sou outro agora; e vejo com pavor
Minha máscara interna de desgôsto.
Vejo sombras á luz da minha dôr...
Sombras talvez de eternas Creaturas
Que vivem na alegria do Senhor...
E quem sabe se os Mortos, nas Alturas,
Vivem na paz de Deus, em sitios êrmos,
Entre flôres, sorrisos e venturas?...
E quem sabe se as dôres que soffremos
E nosso corpo e alma, não são mais
Que as suas vagas sombras irreaes?...
Ah, nós sômos ainda o que perdemos...
Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'
As palavras são talvez a nossa arma mais forte. O resultado depende apenas da forma como as ordenamos.
Words and life
quarta-feira, 18 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
A máquina Parou....
Cá volto eu a escrever no meu blog após alguns meses de ausência (mas é sempre assim, o filho pródigo regressa sempre a casa). Local secreto neste mundo virtual onde posso falar do que não posso ou não quero no mundo real.
Apesar de ter muito que me apetecia escrever, as ideias continuam turvas, a dor permanece e insiste em misturar-se em todos os momentos bons que já tive desde esse dia. Assim, vou apenas postar um vídeo que nada me diz a não ser pela música, à qual dou uma interpretação muito pessoal e que não tenho qualquer dúvida que também muito errada (até porque este final é feliz e o da história que nunca esquecerei foi MUITO Triste e Doloroso), mas essa música naquela hora fez um sentido tremendo. Talvez um dia se ganhar coragem consiga cá escrever a minha interpretação, talvez pondo no papel (virtual) até faça sentido ou esmoreça toda a carga de dor que ela me passa (e não consigo deixar de a ouvir sp que ela passa no radio, incrivel n é?). A Máquina: http://www.youtube.com/watch?v=tnBccuIDTTw
Saber o que fazer,
Com isto a acontecer,
Num caso como o meu.
Ter o meu amor,
Para dar e pra vender,
Mas sei que vou ficar,
Por ter o que eu não tenho,
Eu sei que vou ficar.
É de pedir aos céus,
A mim, a ti e a Deus,
Que eu quero ser feliz,
É de pedir aos céus.
Porque este amor é meu,
E cedo, vou saber
Que triste é viver,
Que sina, ai, que amor,
Já nem vou mais chorar,
Gritar, ligar, voltar,
A máquina parou,
Deixou de tocar.
Sentir e não mentir,
Amar e querer ficar,
Que pena é ver-te assim,
Já sem saberes de ti.
Rasguei o teu perdão,
Quis ser o que já fui,
Eu não vou mais fugir,
A viagem começou,
Porque este amor é meu
E cedo vou saber,
Que triste é viver,
Que sina, ai, que amor.
Já nem vou mais chorar,
Gritar, ligar, voltar,
A máquina parou.
Deixou de tocar,
É de pedir aos céus,
A mim, a ti e a Deus,
Que eu quero é ser feliz,
É de pedir aos céus.
Porque este amor é teu,
E eu já só vou amar,
Que bom não acabou,
A máquina acordou.
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